Professores defendem divulgação científica “além da fórmulas”
- sitecomciencia
- 6 de out. de 2020
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Evitar a decoreba é uma missão em sala de aula

O ensino das ciências deve ser ser visto mais do que um emaranhado de fórmulas complexas. Essa é a opinião do professor de física Wagner Pequeno, que trabalha com a disciplina em escola pública. Para ele, o ensino médio é um momento especial de motivação dos estudantes para os saberes científicos, mesmo nesse período de pandemia. A ciência, segundo ele explica, atua desde questões presentes no dia da dia, como descobertas que não vão ser aplicáveis imediatamente.
Em um contexto de epidemia de informações, a ciência deve também despertar a crítica dos estudantes. Para a professora Rosely Soares,coordenadora da área das ciências da natureza em colégio particular, é necessário despertar os alunos para os argumentos técnicos. A docente acrescenta que a ciência deve ser desenvolvida desde cedo. “Nós precisamos desenvolver nos jovens o interesse pelas científica e combater a cultura do senso comum“
Para o professor Wagner, o processo de divulgação científica é “importantíssimo” para o desenvolvimento da sociedade e colabora para a maturidade das pessoas que consomem essas informações.
Aplicações
O professor Wagner Pequeno explica que nem todas as respostas a ciência tem para o dia seguinte. “A busca é por, às vezes, responder a questões abertas e, na maioria das vezes, não aplicáveis imediatamente. Este pode ser o principal ponto de desinteresse das pessoas sobre ciência”. Ele contextualiza que o imediatismo pode ser atrelado a preocupações financeiras.
Mídia
O professor Wagner Pequeno criticou o que ele chama de superficialidade de parte da mídia tradicional ao lidar com temas científicos. “Extremamente fraca e realizada por profissionais da imprensa que não tem preparação para tratar do assunto. A maioria das reportagens são rasas e são pautadas por discussões nas redes sociais”.
professora Rosely Soares entende que a imprensa também não incentiva o conhecimento para as áreas científicas “Eu acho que falta incentivo. A mídia poderia incentivar mais a ciência de forma geral“.
Por outro lado, em relação à febre de séries sobre ciências em serviços de streaming, como o Netflix, ela entende que essas plataformas têm demonstrado atenção para para séries voltadas para as ciências no estilo da famosa Cosmos (que foi ao ar na TV em 1980).
Para Wagner Pequeno, a série Cosmos é um marco na divulgação científica. “(O físico) Carl Sagan (1934 - 1996) popularizou a ciência utilizando um programa de TV onde ele preencheu uma lacuna de audiência que precisava de variedade na programação. Depois no remake (2014), com (o astrofísico) Neil deGrasse Tyson, é uma releitura e aprimoramento da série original”.
Para ele, os programas que acontecem nas plataformas pagas de streaming têm uma maior credibilidade devido a curadoria da programação, enquanto os streamings gratuitos, como o Youtube, sofrem do problema de não ter uma avaliação de credibilidade das informações produzidas para apresentação. Assim, usando uma metodologia de apresentação "científica”, programas ficam disponíveis, com informações falsas ou não validadas, para espectadores incapazes de discernir o que é certo ou errado.
A professora Rosely acrescenta que a divulgação científica pode ser uma aliada no processo de aprendizagem das ciências e respondeu“Com certeza, quando a comunicação é clara, isso desperta o interesse dos alunos O ensino de ciências não pode ser feito na base do “decoreba” “Então, nós temos que mudar isso e aproximar mais as ciências dos alunos”.
Por Guilherme Fonseca
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