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Repórter da CBN lamenta ameaças contra jornalistas

  • sitecomciencia
  • 3 de nov. de 2020
  • 3 min de leitura

Na 37ª edição da semana da comunicação no Centro Universitário de Brasília, Rodrigo Serpa fala sobre a importância do trabalho jornalístico para a sociedade



Jornalistas brasileiros têm comprovado, desde o início do ano, o quão fundamental é a presença do jornalismo para a construção de uma sociedade democrática e bem informada, especialmente em momentos de crise. “Não sabemos direito, ainda, o que estamos enfrentando, pois trata-se de um vírus novo. A informação precisa, correta e contextualizada é uma arma para enfrentar esse momento”, constatou Rodrigo Serpa, jornalista âncora da CBN especializado em comunicação política.


Lidando com a censura


Apesar de o combate à presença midiática não ser uma postura apenas do atual governo, Rodrigo apontou que “o momento atual reposiciona e ressignifica os ataques [sofridos por profissionais de imprensa], porque estão acontecendo de forma institucionalizada”. Um exemplo é o caso de assédio moral cometido por Jair Bolsonaro contra a jornalista Patricia Campos Mello. “Precisamos questionar a quem interessa uma imprensa enfraquecida, atacada, fragilizada. Atacar a imprensa é atacar a democracia”, observou Rodrigo Serpa. “A resposta aos ataques ao jornalismo é mais jornalismo. É trazer à luz o que está oculto e o que é de interesse público.”


Enquanto o governo federal repassa informações falsas sobre a covid-19, o jornalismo tem cumprido o papel de levar conhecimento científico para a população. “Num contexto de pandemia, de ineditismo sanitário, social e econômico, se você apenas transmite as informações que o governo está repassando, acaba sendo um desserviço”, observou Serpa. “Há um aumento de audiência expressivo nos canais de notícia online e nas rádios. Isso quer dizer que as pessoas estão buscando informações em lugares críveis.”


Ataques à profissão jornalística


Vieram à tona, também, os ataques virtuais e presenciais sofridos por profissionais de imprensa nos quase dois anos de mandato do atual presidente da República. “Nós temos o papel de fiscalizadores do poder público e isso incomoda ocupantes de cargos públicos de ocasião e, muitas vezes, causa reações extremas”, constatou Rodrigo Serpa.

Sobre os cuidados práticos a serem tomados durante coberturas presenciais, Serpa disse que “hoje, quando [nós jornalistas] vamos cobrir protestos, existe uma série de protocolos. Usamos roupas específicas e adotamos um distanciamento físico para garantir nossa segurança.” Ele acrescentou ainda que “os cuidados adotados por jornalistas não estão apenas nas práticas presenciais, pois muitos dos apoiadores do atual governo brasileiro acabam direcionando ataques a perfis nas redes sociais de profissionais de imprensa”, e “há uma tentativa [do atual governo] de deslegitimar o trabalho da imprensa por meio do ataque pessoal ao jornalista. Há uma personalização dos ataques: se ataca o jornalista na sua individualidade. E isso é muito preocupante do ponto de vista da democracia”, afirmou Rodrigo Serpa.



As fake news e a atividade jornalística

Uma manobra muito utilizada por ocupantes de cargos públicos atualmente para descredibilizar notícias é caracterizá-las como fake news. “Uma notícia que incomoda, mesmo que seja real e fática, é tachada de informação falsa”, afirmou Rodrigo Serpa. “Não se deve reverberar agendas políticas que tenham conteúdo inverídico ou discriminatório, porque isso vai contra o papel essencial da imprensa. Deve se escolher como cobrir e como informar”, reiterou Rodrigo Serpa. Ele falou ainda sobre a importância da precisão jornalística e reiterou a diferença entre informações falsas, transmitidas com intenções políticas escusas, de erros jornalísticos genuínos. “Um erro não é necessariamente fake news. Os jornalistas erram, como em qualquer outra profissão. O importante é reparar esses erros e corrigir as informações. É papel dos veículos e dos jornalistas assumirem o erro e darem destaque a ele, para que possa ser consertado.”


Representatividade


Para abarcar assuntos diversos e abordar temas que contemplem toda a população, é importante que os veículos de comunicação tenham equipes plurais, com profissionais de diversas etnias, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. “Quanto mais diversificada a redação de um veículo, maior é a qualidade do produto jornalístico entregue ao público”, opinou Rodrigo Serpa. “A democracia está diretamente ligada ao acesso que a população tem às informações. À medida que aumenta o número de contratações de jornalistas de periferia, mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+, temos mais coberturas que abarcam diferentes visões de mundo”. Apesar de essa mudança não acontecer na velocidade que deveria, “temos redações mais diversas do que há dez anos, vinte anos”. Para exemplificar essa dinâmica, Rodrigo Serpa mencionou a matéria A gente não ama Paraisópolis, da jornalista Flávia Lima para a Folha de S. Paulo, que traz uma perspectiva crítica e não estereotipada sobre a chacina ocorrida na comunidade em 2019.


Para assistir a esta e outras entrevistas na íntegra, acesse o canal da agência de notícias do UniCeub.


Por Vitoria Vilas Boas


 
 
 

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