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Pesquisadora de coronavírus tem história de combate a surtos e sofreu com sarampo na infância

  • sitecomciencia
  • 14 de out. de 2020
  • 3 min de leitura

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Fiocruz/Josué Damacena/Divulgação

Pesquisadora e chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marilda Siqueira, de 64 anos, atua pelo desenvolvimento de métodos avançados de diagnóstico, por análises genômicas e filogenéticas, além de busca por eficácias das vacinas para influenza e sarampo ano a ano na população brasileira. Ela tem experiência diante do desafio de pesquisar as novidades vindas com a pandemia.

A pesquisadora já atuou na linha de frente durante os surtos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), entre os anos de 2002 e 2003, e ainda de Influenza A (H1N1), em 2009. Marilda Siqueira entrou novamente em ação como parte da linha de frente. Desta vez, o inimigo se chama coronavírus (que acarreta a covid-19). Nos anos anteriores, Marilda instruiu e seguiu protocolos que podem ser “classificados” como o destaque do laboratório de virologia - antecipação a respeito de possíveis proliferações dos vírus e prontidão para diagnóstico.


Conexão


Marilda desde pequena já possuía uma conexão com a ciência e em específico, com os vírus. Na infância, ela foi acometida por sarampo e sofreu com uma infecção muito forte. Ela chegou a perder parte da visão, uma vez que o vírus não a possibilitava enxergar direito. Naquela época, o vírus era uma ameaça comum entre as crianças e muitas delas chegaram a morrer da doença.

Ela explica que o acontecimento durante a infância serviu de inspiração para estudos durante os anos acadêmicos, em que Siqueira priorizou estudos de vírus prejudiciais à população infantil. Um deles foi o vírus sincicial respiratório - vírus que acomete crianças menores de 2 anos de idade e é responsável pela maioria das internações daquelas durante períodos frios.


Rotina na pandemia


Com uma rotina cansativa, que vai desde liderar sua equipe em estudos sobre patógenos e quais os possíveis antivirais do coronavírus até participar de conferências on-line, mesmo que seja durante fins de semana, a pesquisadora encara essa nova situação assim como fez nas outras vezes, “com otimismo e coragem”. “A carga de trabalho é muito grande, mas acredito que não tinha como ser diferente. A gente tem que participar deste processo. É uma corrida contra o tempo, já que são várias questões a serem solucionadas. Nós precisamos encarar o desafio”.

Ela explica que o fator humano dentro da profissão está baseado também na colaboração entre inúmeros profissionais e grupos de pesquisa, sejam nacionais ou internacionais, e também no companheirismo com a parcela de jovens pesquisadores. “O resultado é o que move a gente durante o trabalho”.

As ações para Marilda Siqueira resultam em uma nova perspectiva sobre o ato de ajudar no combate ao vírus, significa responsabilidade e ultrapassa o ramo científico.

”O importante agora nessa situação pandêmica é que cada um faça a sua parte muito bem feita. Não interessa o local de atuação de cada indivíduo, seja dentro de um hospital ou não, seja um pesquisador ou não, nós temos que trabalhar corretamente. Cada um é uma gota dentro de um oceano.”


Uma gota e um oceano. Essa simbologia recria participação ativa e individual de cada brasileiro. “É dessa forma que precisamos agir. Nós vivemos em um país extremamente desafiador em termos sociais e econômicos. Possuímos populações muito vulneráveis e ainda temos gerações de famílias que estão vivenciando provavelmente o momento mais difícil do que em outras ocasiões.”



Mulher na ciência


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Marilda Siqueira, chefe do laboratório de virologia, pode parecer como um exemplo atípico no quesito mulheres líderes e também em igualdade de gênero no âmbito profissional. “Nós podemos perceber, ao longo dos anos, uma participação feminina bastante crescente em pesquisas no nosso país”, revela Siqueira.


Fiocruz/Divulgação


Em 1997, quando ela ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sendo o início da vida acadêmica de Marilda, a pesquisadora já pôde perceber que a participação feminina na pesquisa era significativa. Para ela, o aumento do número de mulheres na ciência representa um indicador de que é possível ter igualdade de gênero dentro do ramo científico.

A Fundação Oswaldo Cruz revela-se como um local de destaque para a participação feminina na ciência. Marilda Siqueira revela que dentro do local de trabalho, a maioria dos profissionais contratados são mulheres. “Quando há uma seleção para bolsistas, até o número de inscrições revela-se majoritariamente feminina e acabamos selecionando-as. A maioria contratada no laboratório, tanto as concursadas como bolsistas e terceirizados, são mulheres.”


Vida além do trabalho


Sábado e domingo também se tornaram dias de trabalho, mas Marilda combate essa rotina a partir do domingo a tarde, em que ela retira um tempo para descansar e repor energias, “se não a gente não aguenta”, disse a pesquisadora.

A forma de relaxar também tem ligação com a ciência e a diversão está em ler livros sobre história mundial, especificamente sobre acontecimentos factuais, leituras descritivas e ficções. A ficção aparece até em filmes, é ciência em todo lugar.


Por Sandy Melo Silva




 
 
 

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