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Prática de tai chi chuan cultiva saúde e equilíbrio, explicam pesquisadores.

  • sitecomciencia
  • 16 de out. de 2020
  • 6 min de leitura

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Dr.Aristein Woo aplicando tai chi chuan. Créditos: Arnaldo Brandão.


Maria Olga Neves, de 70 anos, para manter a sua saúde do corpo e a mental. Ela, faz caminhada e exercícios. Além disso, lê, sai com as amigas, viaja e curte cada momento da vida. Disposição, ela tem de sobra.

“Vontade de viver, mas claro tenho que fazer exercícios e comer de forma saudável para ficar bem no corpo e na cabeça”. No entanto, a prática do tai chi chuan tem sido um diferencial na rotina. De acordo com Maria Olga, trata-se de uma atividade que sempre esteve presente na vida dela.

“Acho que faço tai chi há uns 20 anos. Sempre me senti bem fazendo, as pessoas, o ambiente, os movimentos… Isso é muito bom. É uma terapia, uma meditação em movimento”. “Me ajudou muito a viver sozinha e a ter independência”.

O tai chi chuan está na vida dela e de tantas outras pessoas como um caminho de meditação e terapia com benefícios aos seus praticantes.

Origem

O médico e mestre em tai chi chuan Aristein Woo explica que a atividade nasceu na China. Uma arte marcial que buscou a inclusão de práticas meditativas de cultivo da saúde e da longevidade.

“Esse é o valor que mantém o tai chi chuan como uma prática útil e benéfica até o dia de hoje, porque nós não desenvolvemos apenas com o sentido marcial, de defesa pessoal ou esportivo. A gente usa esse núcleo do Tai Chi Chuan que se devota ao cultivo da saúde física e mental”, afirma o médico acupunturista da Secretaria de Saúde. Ele capacita outros servidores para serem instrutores de tai chi chuan.

Como meditação

O Tai chi chuan é considerado uma meditação em movimento por causa da sua suavidade nos movimentos e da forma que são executados. É uma forma de praticar um exercício físico acalmando a mente. “O o fato dos movimentos serem lentos e suave faz com que a pessoa tenha que se atentar a eles, no ritmo do dia a dia a gente vai fazer tudo no automático, vai pegar um copo na pia e nem repara na cor ou se é de plástico ou de vidro”, afirma o médico.

“Quando você se vê dentro de uma situação que tem que fazer um movimento de forma mais lenta você, presta mais atenção no movimento em si, de onde ele parte até onde ele termina e qual a sua finalidade”. Ele explica que, durante a prática do tai chi, a mente encontra um foco “Isso traz uma clareza na mente que permite que os pensamentos sejam mais claros e encadeados.”, afirma Aristein Woo.

Alinhamento

A clareza mental produzida pela sua prática meditativa traz um alinhamento entre o corpo e a alma, segundo especialistas. Para o mestre e psicólogo João Luiz Silva Maciel não se trata só de um relaxamento muscular, mas um “relaxamento que atinge o mais profundo do ser”. “ Isso só é atingido ao longo do tempo, é um retorno àquela tranquilidade que um feto experiência enquanto está na barriga da mãe.”

De acordo com o especialista, atingindo esse estágio, a pessoa passa a ter mais clareza na vida, “aprende a acalmar a mente e a serena o coração”. O pesquisador explica que a pessoa torna-se apta a ter reações mais conscientes do que está acontecendo nela mesma e em volta, podendo assim agir de forma equilibrada, “sem excesso e sem falta, na medida”.

Terapia

Em tempos de pandemia, casos de depressão e ansiedade são diagnosticados na rede pública e privada. De acordo com especialistas, o tai chi chuan tem ajudado os pacientes a conviverem neste tempo de crise. “A disciplina é essencial para vida do ser humano. Com a disciplina do treino a pessoa se sente dona das suas atitudes (...) ”.

A prática com disciplina já caracteriza um trabalho e treino com a mente, com o corpo e com a energia”. Ao longo do tempo, de acordo com o pesquisador, o treino disciplinado, vai mostrando seus benefícios “na amenização de sintomas e ou até mesmo na cura de determinadas doença”.

Medida complementar

“Seja a doença de natureza física ou emocional o tai chi chuan vai ser aplicado como uma medida adjuvante, complementar, auxiliar”, diz médico Woo. Ele alerta que a prática não pode ser aplicada como um “remédio”, mas pode ser utilizada como uma terapia alternativa, auxiliar. “O benefício vem na medida em que a pessoa começa a tomar mais consciência de si mesmo, com mais consciência das ações presentes”.

Por causa do período de pandemia, a secretaria de saúde suspendeu as práticas de grupos de tai chi chuan, mas os instrutores estão estimulando servidores e membros das comunidade a praticarem sozinhos em casa, já que a prática pode ser preventiva para a depressão ea ansiedade.

“Uma imagem popular para descrever a depressão, é aquela pessoa que tem a mente vivendo no passado. A ansiedade é o contrário, é a pessoa que vive com a mente pensando no futuro”, afirma Woo. Os especialistas alertam para o fato que o treino regular inclui disciplina e persistência.

Benefícios para o corpo

O tai chi chuan traz melhoria do corpo e da mente a todas as pessoas, de todas as idades mas, geralmente vemos que o público que frequenta e prática mais são os idosos, garantem os pesquisadores entrevistados. “No mesmo grupo de praticantes pode ter um jovem atleta e um senhor de 90 anos, eles vão fazer o mesmo movimento mas com exigências físicas diferentes, maior ou menor”. Essa exigência física se dá pelo deslocamento o corpo, como explica Aristein Woo. “A movimentação do corpo é o deslocamento corporal de um pé para o outro de forma consciente”.

Além disso, há benefícios para os idosos como prevenção a quedas. “O risco de queda na pessoa idosa é muito importante, pois a pessoa aponta para uma evolução de saúde negativa, se ela sofre queda é porque ela já sofre de algum problema, como uma complicação cardiovascular que leva com que ela tenha uma tontura e caia”.

Aristein adverte que “Um problema gravíssimo na faixa etária mais avançada é a fratura do colo do fêmur , porque leva aquela pessoa já com o osso fragilizado a uma situação em que ela vai ter que ficar deitada. “Essa limitação faz com que haja prejuízo na circulação, formação de trombos, embolia pulmonar, coma e morte”, afirma Aristein Woo.

O Tai Chi Chuan faz com que o idoso previna suas quedas de uma forma independente, afirma o médico. “O idoso fica mais seguro de seus movimentos e tem menos medo de cair. A segunda coisa é que o tai chi influência de fato o sistema que mantém o equilíbrio corporal, o terceiro fator é o fortalecimento dos membros inferiores”.

Outro benefício não só para as pessoas idosas, é sentido mais pelas pessoas que moram sozinhas: o contato social dos grupos. “Como a prática de tai chi é feita em grupo, essas pessoas têm a chance de interagir e criar vínculos sociais”, afirma Aristein Woo. “A prática disciplinar em grupo do Tai Chi facilita a criação de redes de amizade melhorando a saúde mental”, explica o psicólogo João Maciel.

Um praticante regular de tai chi chuan, na opinião dos pesquisadores, terá equilíbrio mental mais adequado para conviver nessa situação de angústia gerada pela pandemia. O psicólogo João Maciel acredita, inclusive, que os treinos que fortalecem o corpo e a mente fortalecem o sistema imunológico, o que cria uma resistência maior ao vírus. “Tem os treinos como a respiração da tartaruga e a respiração do Grou, que fortalecem o sistema respiratório e o treino do Tao In. Esses treinos são para a prevenção e tratamento do sistema respiratório.”

Dependência química

Um estudo publicado pela Cristine Pereira Rebouças, intitulado, “A importância do exercício físico na reabilitação de dependentes químicos”*, aponta que o tai chi chuan pode trazer benefícios a dependentes químicos. De acordo com ela, a atividade diminui a ansiedade pelo vício que a droga promove.

Os Centros de Atenção Psicossocial, Caps, ofertavam o Tai Chi Chuan como uma atividade terapêutica em unidades do DF. A pandemia interrompeu a prática, que, também é ofertada no Hospital São Vicente de Paula e no CERPIS (Centro de Referência em práticas integrativas em saúde) em Planaltina.

“Um efeito que se nota de imediato, é que após a prática os pacientes psiquiátricos ficam mais calmos e dormem melhor”, afirma Aristein Woo, que apesar de não trabalhar diretamente com esses pacientes, ele possui relatos e experiência.

Médico de família e de comunidade, professor de Tai Chi Chuan, José Carlos Natal, iniciou uma pesquisa sobre os efeitos agudos do tai chi chuan na resolução do craving (vontade que o dependente químico tem em usar a droga). Essa vontade, muitas vezes, é quase incontrolável”.

Em 2011, ele começou um projeto em uma comunidade terapêutica, Centro de Reintegração Deus Proverá, oferta o tai chi como uma terapia complementar, uma atividade foi bem aceita pelos pacientes. Aristein Woo também participou deste projeto, e, de acordo com ele, os resultados, ao longo desses anos, foram muito positivos.

Com a pandemia, os estudos de José Carlos tiveram que ser parados, mas com a experiência que teve ele afirma que “Quandos os internos praticavam o tai chi, se notava que eles ficam mais calmos, menos ansiosos e alguns relataram que diminuía a vontade de usar droga”.


Por Gabriel Costa

 
 
 

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