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Psicóloga recomenda que estudantes busquem mais atividade física e interação

  • sitecomciencia
  • 7 de out. de 2020
  • 3 min de leitura

Tânia Inessa gerencia projetos universitários para minimizar danos da pandemia. Estudantes lamentam perda de contato presencial



A estudante de psicologia Vitória Loureiro Neves, de 22 anos, busca se adaptar ao novo fluxo de atividades acadêmicas de ensino virtual. “É cansativo passar o dia todo na frente do computador. São várias horas diárias numa mesma posição, o que acaba sendo muito desgastante”. Ela sente saudades da rotina com mais movimento e pausas. “Estando em casa o tempo todo, é mais difícil ter essa disciplina, e isso acaba impactando muito o ritmo de estudos”, relata a estudante.

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Além do prejuízo acadêmico, existe a perda nas relações interpessoais, o que gera, segundo Pedro Bonfim, também aluno de psicologia, um impacto emocional. “A socialização proporcionada pela faculdade cria uma sensação de pertencimento e de comunidade. Quando se está a distância, todo o contato, tanto com colegas como com professores, fica bem mais mecânico. Deixa de ser algo simples como uma conversa de corredor ou uma dúvida tirada pessoalmente”.

Pesquisadora do tema, a professora Tania Inessa Martins de Rezende explica que o isolamento social se desdobra como um combo de fatores que impactam a saúde mental. Ela é docente e pesquisadora do Centro Universitário de Brasília (UniCeub). Aliás, a pesquisa dela de doutorado, pela Universidade de Brasília, focou em psicologia clínica e cultura.

Ela explica que um dos impactos é o distanciamento físico, que gera no indivíduo uma carência tanto de pessoas já conhecidas como de pessoas novas. Outro prejuízo, para quem mora com outras pessoas, é o excesso de convivência com um mesmo grupo, o que desgasta as relações. E o terceiro fator é o acúmulo exacerbado de energia, pela restrição a um mesmo espaço durante um período extenso. “Além desses três pontos, há o luto, seja pela perda de conhecidos ou pelas mortes gerais causadas pelo vírus”.

Segundo a professora, é totalmente compreensível que esse cenário gere sofrimento. Afinal, estamos passando por uma fase nova, que pode ser muito assustadora. Para lidar com isso, a professora Tania Inessa recomenda medidas individuais: prática de atividades físicas regulares, para manter a mente e o corpo ativos; interação com pessoas, ainda que virtualmente, como forma de cuidado mútuo e diversificação do contato interpessoal; além de implementação de elementos calmantes na rotina, como música e meditação (lincar com as matérias sobre terapias).

Busca de apoio

“Contudo, caso o sofrimento supere as estratégias individuais e vire um problema maior do que o indivíduo se sinta apto para lidar, é importante buscar apoio profissional”, afirma a pesquisadora. Indícios como mudança radical dos hábitos alimentares (perda e/ou excesso de apetite), variações drásticas de humor (irritabilidade excessiva e/ou apatia) e alterações nos horários de repouso (privação e/ou excesso de sono) podem representar uma quebra na saúde mental e serem sintomas de quadros de depressão ou ansiedade.

A psicóloga salienta que há tratamento para ambos os quadros e, apesar dos muitos tabus ainda existentes na nossa sociedade ao falar de questões mentais, é fundamental dar o devido peso a elas para que possam ser tratadas e acolhidas da maneira correta. Há opções gratuitas, como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) oferecidos pelo Governo do Distrito Federal. Para buscar a melhor orientação, a pessoa deve procurar o posto de saúde mais próximo de casa para ter o encaminhamento devido.

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Ajuda prática

Ao pensar em ferramentas para auxiliar universitários e estimular debates acerca da saúde mental e inclusão social, a professora Tania Inessa criou o Prisme (Projeto Interdisciplinar em Saúde Mental) e o Eis-me Aqui.

O Prisme, criado em 2003, reúne professores das áreas de medicina, enfermagem, educação física, direito e psicologia, com o intuito de consolidar uma rede de atenção psicossocial para atendimento da população do Distrito Federal. As reuniões são semanais, mediadas através do Google Meets.

Já o Eis-me Aqui, criado em 2018 com base na experiência adquirida no Prisme, é aberto para alunos de todos os cursos do UniCeub. O projeto tem duas vertentes: uma para a escuta individual, oferecida por psicólogas voluntárias, com o objetivo de acolhimento dos alunos; outra, para interações em grupo, em que é estimulada a convivência como forma de cuidado mútuo.

A professora reitera que o diálogo sobre saúde mental deve existir não apenas no cenário de pandemia como também depois de encerrado o período de isolamento social. A vacina para combater a covid-19 resolverá o temor referente ao vírus, mas as questões relativas à saúde mental permanecerão.




Por Vitoria Villas Boas

 
 
 

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